sábado, 8 de fevereiro de 2020

Respeito e Honestidade na Educação Moral e Cívica


Respeito e Honestidade na Educação Moral e Cívica




                O respeito é de muito conhecido através da educação familiar, de relacionamentos humanos, da religião ou mesmo na escola e no trabalho. Mas também a filosofia se ocupou do respeito, e isso já de algum tempo. Com a iminente volta da disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas, uma das matérias seria sobre o respeito e a honestidade, que ninguém negaria que são essenciais no convívio social. O respeito transparece na Bíblia ademais, quando se coloca o mandamento de honrar pai e mãe, não cobiçar coisas alheias etc. Já da honestidade se tem regras como de não mentir, não roubar entre outras. 




         Antes de se entrar na filosofia em si, devemos meditar nos conceitos mesmo do que é honestidade e respeito. Honestidade é qualidade relacionada à honradez, equidade, probidade, lealdade, justo, sincero, virtuoso, decente, casto, franco, digno, íntegro etc. Já o respeito se refere à consideração, reverência, a algo positivo em relação à nação, religião, com relação à pessoa mais velha, ao professor, aos pais, família. O respeito se relaciona a dignidade do outro, uma vez que o percebe como pessoa e sua alteridade. A honestidade também tem sentido para consigo mesmo, para se conservar sua virtude e moral, numa atitude ética, mas também para com os outros, a se manter o equilíbrio social. Já para a filosofia o tema do respeito aparece pela primeira vez no pensador Demócrito, relacionado à ética, dizendo ele que não se devia ter mais respeito pelos outros do que a si mesmo, e que não se deve fazer o que não se deve ser feito.  Já Platão se refere à mitologia de modo que Zeus teria deixado a Hermes o respeito para que esse levasse aos homens e fim de mantivessem a cidade com benevolência entre os cidadãos. Outrossim, Aristóteles teria colocado o respeito apenas entre os sentimentos, e não virtudes, o opondo ao temor. No mesmo sentido Immanuel Kant, o considerando o único sentimento moral e não patológico.  Mas em Kant descobrimos que o respeito se relaciona a alguma pessoa, e não coisa. Assim temos a noção de dignidade humana, princípio norteador dos direitos presentes em nossa querida Constituição Federal brasileira. Vemos claramente a honra no filósofo imperador Marco Aurélio, quando começa suas meditações dedicando honra a seu avô Vero, a seu bisavô, a sua mãe e outros mestres que ele mostra respeito. Disse “cumpre ser direito; não desentortado”. Do mesmo modo filósofos romanos, como Cícero ou Sêneca nos reservaram lições sobre honra e respeito.  Não se pode esquecer as lições de Tomás de Aquino e Agostinho em filosofia cristã, nem da filosofia judaica, presente em Maimônides, Rashi, Talmude, ou da árabe, em Averróis e Avicena. 




         Fato é que se a Educação Moral e Cívica que parece estar prestes a entrar na educação básica, resta que a mesma traga consigo a sabedoria de mestres e professores que reconheçam as potencialidades de seus alunos, os lapidando para uma melhor vida em sociedade e para consigo mesmos, de forma a encontrarem o sucesso e a felicidade. Tanto o respeito quanto à honra se relacionam as virtudes, a aquilo que se mostra positivo no humano, para com outro ser humano. 


Mariano Soltys, filósofo, professor e advogado

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A Crise Moral de Nosso Tempo


A crise moral de nosso tempo




A crise moral de nosso tempo não é tanto uma reação ou rebeldia, como em outros tempos, mas uma não-ação, uma conformação com o que se é imposto pela moda, mídia, sociedade, tribos urbanas, filmes, desenhos, músicas, novelas, youtubers e demais meios de influência. Não se trata tanto de uma hipermodernidade, a gosto de filósofo Lipovetsky, e nem mesmo um mundo líquido, ao estilo de Bauman, mas mesmo uma indiferença quanto ao imposto pela massa, ou como dizia Nietzsche, uma moral de rebanho, aqui no caso, imoral de rebanho. A crise moral é um fato que se mantém inabalável. 




Longe de ser uma reflexão sobre o Ethos grego, ou sobre o Logos, a estratégia atual é a desinformação e a alienação, perdendo-se todos os referenciais institucionais, sendo as instituições meros fantoches de aparência, clubes sociais de convivência e de certas vantagens.  O mundo não é líquido, mas antes aéreo, uma vez que tudo é etéreo ou virtual na atualidade. Também não se pode falar de modernidade, quando o mundo nem esse referencial tem. A globalização, através de redes unificou culturas, relativizou os valores. A religião mantinha esses valores, anteriormente. Em sociedades conservadoras ou tradicionais ainda se tenta manter valores através de religião. No mais é a própria lei ou mesmo regras de ética profissionai, educacional e outras, que tenta manter os valores. O ser se dissolveu no avatar virtual, sendo a rede social uma nova forma de identidade para as pessoas. Não se trata de seu verdadeiro eu, ou self, mas de um ego virtual e ilusório, muitas vezes uma verdadeira máscara ou persona. As pessoas estão afastadas da razão, da linguagem, do Verbo, do Logos. A irracionalidade ganha força e se afasta de tudo, caminhando para uma anarquia. O retorno da teologia, mesmo que agora em enfoque protestante, na cultura acadêmica, faz cada vez mais vivermos uma neo-escolástica ou neo-patrística ressurgir com vigor na cultura. Na verdade vemos uma nova “reforma”, reagindo às ideologias dominantes em mídias e cursos universitários em geral, buscando uma restauração de instituições como a religião e a família, desmanteladas nas últimas décadas. 




Retornemos ao estudo da moral e cívica, partilhemos a ciência do ethos em todos os campos, para que as pessoas confiem em outras pessoas e que tenham uma moral sustentável. A reação em crítica da crítica reflete tudo isso, haja vista a população buscar valores mais sólidos, não mais sendo referencial o relativismo a que se propaga na anterior  ciência ou filosofia, tendo assim a moral um campo mais seguro para se viver, restaurando as instituições.
Mariano Soltys, advogado e filósofo

segunda-feira, 1 de julho de 2019

ÉTICA E RELAÇÕES HUMANAS


Ética e relações humanas
 
 
 
 
 
 
 

Mariano Soltys, advogado e filósofo

Seja na escola ou no ambiente de trabalho, a ética é fundamental para se manter uma relação confiável entre as pessoas. Mas justamente por isso, por se tratar de uma relação entre pessoas. Desse modo, o relacionamento é central, de modo que envolve a motivação, o modo de se resolver conflitos, a necessidade, o impulso, o incentivo, respeito, liderança, transparência, organização, controle emocional e outros fatores. A ética está envolta de um conjunto de fatores que resultam em um comportamento justo e conforme um determinado grupo ou sociedade. Para isso o relacionamento entre as pessoas garante que muitos desses fatores sejam uns requisitos iniciais a se manter a harmonia e evitar conflitos.
 
 

 
 
Quando se fala em âmbito de escola, a ética não envolve tanto um fator econômico, como fosse a uma corporação. Assim, o estudante deve compreender que independentemente de punição, ele deve respeitar os colegas e os professores, bem como a diretoria e demais pessoas da escola. Saber ter controle emocional, ver a motivação de estar na escola, pensar na necessidade de se estudar para um futuro melhor, e muitas coisas podem colocar o estudante numa outra perspectiva em relação à educação. Uma atitude de ação e de cooperação. A ética não estabelece regras. A transparência e a lealdade nisso se mostram presentes, pois é muito mais sutil saber o que é honesto e justo, do que pensar em algo que cumpre ou não uma regra. Já no trabalho, a ética envolve também um fator econômico, e pode resultar em muitos benefícios ao colaborador. Desde uma referência de gerente, uma promoção, um apoio em determinada formação profissional, até mesmo aumento de salário, podem resultar de uma atitude ética e de confiança do profissional, para com seus pares na corporação. Para tanto, atitudes a se evitar, como a fofoca, a crítica de administradores, a concorrência desleal, a rigidez de opinião, narcisismo, descontrole emocional, etc, que levam a dificultar os relacionamentos. O diálogo e a atitude maleável, levando em consideração que não há verdade absoluta um ponto de vista pós-moderno, fazem com que se mantenha uma ética e relacionamento sustentáveis na corporação, sendo bom para todos. Buscar a solidariedade e evitar o vácuo ético entre todos os envolvidos. Também, capacitação é ética, de modo que se exige que o profissional tenha formação.
 
 
 
 

Por fim, a ética envolve um conjunto de competências cognitivas, intelectuais, emocionais, profissionais e outras, de modo que o relacionamento sadio é fundamental para que se mantenha a virtude e honestidade. Além de um controle interno, há também o externo, de relacionamento humano. O ser ético exige que se perceba o sutil e se haja com transparência e lealdade, de modo a manter o ambiente sem conflitos. E a filosofia pode ajudar a pensar nisso tudo com mais liberdade e amplitude.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Justo e bom


Justo e bom

Mariano Soltys, advogado e filósofo   
   








A ética na filosofia é muitas vezes relacionada ao que é justo e bom. Uma pessoa justa é logo percebida, pelos seus atos, ademais, mesmo vista pela pessoa que nunca ouviu falar ou conhece a filosofia. Desta forma, o que ocorre é que a honestidade pode ser estudada e compreendida, mesmo sistematizada. A vida social requer que dentro da liberdade se respeite o outro. Aristóteles disse que somos animais sociais, Freud que temos impulsos que se conflitam com as restrições da lei. Mas tudo isso envolve o relacionamento inter-pessoal, e seja o relacionamento na escola ou no trabalho, se exige ética.
 
 
 
 
 
 

        A ética não é tão simples, quando se estuda a moral. O justo e bom parece ser óbvio, e é muitas vezes homenageado na TV ou em redes sociais, mas se trata em verdade de algo humano no convívio social, e necessário. Além da lei que pune as situações mais graves de violação ética, existe algo sutil na ética. O justo e bom envolvem de fatores adicionais. Entre esses fatores estão a lealdade, a integridade, a transparência, a responsabilidade, o respeito e mesmo a cidadania. A moral se relaciona mais a pessoa e ao seu bem estar, mesmo a cumprir costumes de determinada localidade ou sociedade. Logo, ser justo e bom devia ser universal, mas pode variar de uma comunidade religiosa, para uma comunidade alternativa ou underground. A Internet acabou abrindo muito a diversidade de culturas e costumes, e as pessoas buscam inovar em seu particular.  Um fator central talvez seja a responsabilidade, em se assumir ser digno e capaz de entender uma regra moral ou social. Assim, na escola se deve respeitar os colegas, os professores e diretoria, independente de opinião ou conflito. Kant via a regra acima de temas pessoais. Deve-se usar em tudo isso da razão acima da emoção, em especial de emoções negativas, como ódio, inveja etc. No trabalho também se deve respeitar o chefe/líder, colegas e demais pessoas, a fim de que se mantenha a relação e emprego, resultado de um conjunto e união de esforços.
 
 
 
 

Ser justo e bom pode ocorrer sem homenagem, mas como um dever em si para com a sociedade. A ética é uma ciência, uma forma que pode ser estudada e praticada de forma metódica e prática. A ação depende de escolhas que se faz com a razão. Mesmo com fé.  Agostinho de Hipona unia razão e fé, e não há problema algum nisso. Ser justo e bom é mais que um destaque e raridade, mas deve ser uma regra obrigatória em sociedade, para que esta se mantenha sem caos ou guerra.

terça-feira, 14 de maio de 2019

A moral antes e hoje


A moral antes e hoje
 




 


Moral Bíblica

Lendo algum artigo sobre atual paradigma político, encontro uma alegação de que a sociedade estava antes se afastando dos valores judaico-cristãos. Isso me fez pensar até onde os valores da Bíblia eram seguidos pela população, e o que isso influenciou na moral e costumes. Fato é que essa moral está presente principalmente nos Dez Mandamentos, e nos mandamentos em geral, a que judeus chamam mitzvot. Essa seria a lei, mas para cristãos, por outro lado, a lei não salva, mas é Jesus Cristo que salva, pela fé nele. Logo, a moral teve uma primeira variante nesse momento, a que os costumes judaicos já estavam sendo não praticados por cristãos, pois se tratavam de 613 mandamentos, ou no mínimo de 7 mandamentos, para as nações. Mas entre o certo e errado está de todo modo na consciência e educação das pessoas, muitas vezes já pressuposta, apenas refletido em alguma norma ou lei. O centro está em Deus de qualquer forma. Amar ao próximo e a Deus seria o maior mandamento.
 
 
 
 
 
 
 

Moral renascentista e moderna

Já no momento do que historicamente se chamou renascimento, a moral se volta para a pessoa, num humanismo, se afastando da centralidade única em Deus, e ainda abraçando uma visão grega da concepção. Maquiavel falava de virtude, não mais como um cumprimento da lei de Deus, ou virtude cristã, mas de uma virtu, uma virilidade. A moral também sofreu ainda muitas reviravoltas com ciências místicas que voltaram também em renascimento. Fato é que o humano toma o centro e que a arte retrata na época essa estética humanista. Na modernidade, com o advento da ciência, mais uma vez a moral cristã foi deixada de lado, gerando uma concepção de prova experimental e busca de uma verdade materialmente comprovada. O materialismo chega ao ápice, apesar do progresso nesse sentido. Também o iluminismo coloca a razão no centro, criando a enciclopédia e resultando em normas de direitos humanos, contudo sem falar de Deus, ou quando o faz, O afastando do mundo. Já atualmente se caminha para restaurar uma moral judaico-cristã, com valores conservadores e pautados no bom exemplo e repressão da falta de ética, por severa punição. Mas a moral vem se transformando, necessitando de uma matéria formativa de educação.
 
 
 
 

quinta-feira, 28 de março de 2019

A ética: de muitos ontem, de poucos hoje


A ética: de muitos ontem, de poucos hoje
 

 
 




O tema da ética nos é mais do que nunca atual. As pessoas quase competem para ver quem tem mais honestidade, ou usa isso ao seu favor. Mas usar os méritos já não seria tão ético. Logo, se entraria em algum ciclo vicioso. Muito sutil é a diferença do ético, e a honestidade é muitas vezes confundida com inocência ou mesmo burrice. No Brasil as coisas vêm refletindo em cada vez mais uma super-honestidade. Isso não é apenas o politicamente correto, mas o eticamente correto. E honestidade se é exigida para uma vida social sustentável e não caótica. A paz nos exige que sejamos éticos.
 
 
 
 

 
Continuemos algumas definições sobre ética. Há quem diga que a ética é interna, já a moral sendo externa. Honestidade é honestidade de qualquer forma. Mesmo com pouco conhecimento da lei, há quem tenha na honestidade um modo de vida, de caráter. Assim deveria ser para todos. A busca ideal é uma utopia, mas foi por sonhos que chegamos a ter uma vida confortável. A ética relacionada aos nossos pensamentos e já a moral com nossos atos. Para Sócrates a situação se tornou mais humana. A virtude era ligada ao conhecimento, já o vício era ligado a ignorância. Disso se conclui que a ética também pode ser ensinada e que a honestidade também vem de exemplos e de regras. As regras estão em tudo, desde brincadeiras de crianças, esportes, linguagem ou mesmo na matemática. Sem regras não se sabe como escrever corretamente ou como se começa uma equação, medição etc. Depois, a maioria das escolas gregas de moral se manteve alinhada aos ensinos de Sócrates, com algumas alterações.
 
 
 
 




A ética nos leva em um caminho traçado pela prudência e liberdade. Mas é mais, ela nos leva através da fé como uma causa final. Sendo uma ciência da lei, a ética nos explica o porquê de ser honesto. Deste modo, elegemos uma conduta digna e justa, para se tornar um bom cidadão. A conduta desse modo se torna íntegra. Então, a pessoa honesta pode ir contra a maioria, e não se equivocar, pois a maioria pode estar equivocada, como ensinou o filósofo espanhol José Ramón Ayllón. A ética que era de muitos de seguidores de Sócrates, hoje é de poucos, que tem vergonha de serem honestos. A sociedade atual é o triunfo da intranscendência.

sábado, 9 de março de 2019

A CRIANÇA PRECISA TER ÉTICA


A criança precisa ter ética
 
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         Muitas crianças são educadas fisicamente e intelectualmente, destacadas pelos pais, por inteligência ou alguma habilidade esportiva. Mas necessário também é que se eduque em valores e ética. Isso não é muitas vezes provado por uma mera habilidade ou nota em prova, mas por um comportamento frente a relacionamento, onde um valor de retidão é demonstrado. Aparece o conceito de bem e mal, de certo e errado, de regras e de leis. Para isso, importante colocar regras e horários, uma rotina para a vida das crianças, para que se tornem também adultos organizados e confiáveis. Doutro modo seria tarde demais, deixar para depois.
 
 
 
 
 

        Içame Tiba falou recentemente em relação às crianças: “Não basta ser inteligente, a criança precisa ter ética”. Isso nos faz relembrar a disciplina tão necessária na educação, seja dos pais, seja da escola. A rotina da oração ou do hino nacional é importante nesse aspecto. Muitos casos de crianças tidas por hiperativas ou com déficit de atenção na verdade é falta de educação, segundo Tiba. Nem basta apenas os pais acharem que por pagarem uma escola cara ou particular, seus filhos seriam exemplares. “A verdade é que nossos filhos podem estudar nas melhores escolas, terem tudo do bom e do melhor e muitas oportunidades de sucesso, mas ainda assim não irão muito longe se não forem pessoas éticas”: disse o psiquiatra. Fato é que a relação dos pais com os filhos veio sendo relativizada por falta de valores, de modelo de certo e de errado.
 
 
 
 
 
 

A sociedade atual passou por um momento líquido, sem bases sólidas para qualquer padrão de comportamento e valor moral. Por outro lado, as crianças ficaram sem referenciais frente a isso. A família se deixou levar mais por isolamentos, tecnologia, paixões, vícios e uma total ausência dos pais. A figura de autoridade desapareceu, e isso foi até a escola e por fim até o mundo do trabalho, a sociedade. Logo, existem pessoas inteligentes, mas que não foram formadas eticamente. Isso tudo culminou no Brasil que vive uma grande crise, que é a crise ética. Também no destaque dos filhos, os pais devem mostrar a sua honestidade, e não meramente notas e avaliações, ou habilidades desportivas dos filhos. Medalhas sejam dadas ao caráter.