terça-feira, 22 de outubro de 2019

A Crise Moral de Nosso Tempo


A crise moral de nosso tempo




A crise moral de nosso tempo não é tanto uma reação ou rebeldia, como em outros tempos, mas uma não-ação, uma conformação com o que se é imposto pela moda, mídia, sociedade, tribos urbanas, filmes, desenhos, músicas, novelas, youtubers e demais meios de influência. Não se trata tanto de uma hipermodernidade, a gosto de filósofo Lipovetsky, e nem mesmo um mundo líquido, ao estilo de Bauman, mas mesmo uma indiferença quanto ao imposto pela massa, ou como dizia Nietzsche, uma moral de rebanho, aqui no caso, imoral de rebanho. A crise moral é um fato que se mantém inabalável. 




Longe de ser uma reflexão sobre o Ethos grego, ou sobre o Logos, a estratégia atual é a desinformação e a alienação, perdendo-se todos os referenciais institucionais, sendo as instituições meros fantoches de aparência, clubes sociais de convivência e de certas vantagens.  O mundo não é líquido, mas antes aéreo, uma vez que tudo é etéreo ou virtual na atualidade. Também não se pode falar de modernidade, quando o mundo nem esse referencial tem. A globalização, através de redes unificou culturas, relativizou os valores. A religião mantinha esses valores, anteriormente. Em sociedades conservadoras ou tradicionais ainda se tenta manter valores através de religião. No mais é a própria lei ou mesmo regras de ética profissionai, educacional e outras, que tenta manter os valores. O ser se dissolveu no avatar virtual, sendo a rede social uma nova forma de identidade para as pessoas. Não se trata de seu verdadeiro eu, ou self, mas de um ego virtual e ilusório, muitas vezes uma verdadeira máscara ou persona. As pessoas estão afastadas da razão, da linguagem, do Verbo, do Logos. A irracionalidade ganha força e se afasta de tudo, caminhando para uma anarquia. O retorno da teologia, mesmo que agora em enfoque protestante, na cultura acadêmica, faz cada vez mais vivermos uma neo-escolástica ou neo-patrística ressurgir com vigor na cultura. Na verdade vemos uma nova “reforma”, reagindo às ideologias dominantes em mídias e cursos universitários em geral, buscando uma restauração de instituições como a religião e a família, desmanteladas nas últimas décadas. 




Retornemos ao estudo da moral e cívica, partilhemos a ciência do ethos em todos os campos, para que as pessoas confiem em outras pessoas e que tenham uma moral sustentável. A reação em crítica da crítica reflete tudo isso, haja vista a população buscar valores mais sólidos, não mais sendo referencial o relativismo a que se propaga na anterior  ciência ou filosofia, tendo assim a moral um campo mais seguro para se viver, restaurando as instituições.
Mariano Soltys, advogado e filósofo